segunda-feira, 8 de maio de 2017

Aula Dez

Infelizmente, por motivos de força maior, tive que faltar a essa aula...

     Dei uma navegada pelos blogs de meus colegas e vi que um o tema trabalhado nessa aula foi: cibercultura.

     Pesquisei sobre e li que cibercultura é uma cultura contemporânea, caracterizada pelo compartilhamento de informação e conhecimento.  É relação entre a tecnologia e a comunicação, que começaram a caminhar lado a lado com a evolução tecnológica que gerou a convergência entre informática e telecomunicação.
     A discussão da aula girou em torno dos pontos positivos e negativos dessa nova onda, os benefícios e malefícios que nos traz.
     Usando como exemplo as redes sociais, acho que a frase que melhor se encaixa é essa: "a internet nos aproxima dos que estão longe e nos separa dos que estão perto"
     Li isso em algum lugar, mais é a mais pura realidade. quem é que não fica chateado, quando se estar em uma roda de amigos, numa festa ou um bar sei lá... E tem aquela "pessoinha" que não larga o celular? E pior, esta pessoa sempre está conversando com alguém que se estivesse no mesmo ambiente que ele naquele momento, com certeza não estariam conversando.

     Não quero dizer que essa tecnologia só traz coisas ruins, lógico que não. Mas de fato é importante refletirmos sobre a maneira que a estamos utilizando.

domingo, 7 de maio de 2017

Narrativa (Entrevista) Que leitor a escola me formou?


   
     A pessoa que eu escolhi para entrevistar foi o Sr. Robisval, 53 anos, ex- funcionário público, policial militar (aposentado) e atualmente supervisor de segurança. 

     Escolhi entrevistá-lo, pois me chama atenção que, diferentemente das pessoas que tenho proximidade, ele habitualmente expressa-se muito bem. Essa característica me fez supor que sua formação escolar foi muito boa e que o mesmo teria bastante afinidade com a leitura.

    Pode ser que eu tenha me enganado um pouquinho...

     Iniciei a entrevista, indagando-lhe sobre como foi sua experiência escolar. Quando lhe perguntei se gostava de estudar, tive logo uma surpresa. De bate - pronto um “Não” (mais adiante saberemos o porquê). Sobre as matérias que gostava, respondeu: Geografia, História, Ciências e uma tal de “Moral e Civismo”(da qual nunca ouvi falar), e que não simpatizava muito com: Física, Matemática e Química (culpa dos números, também os odeio).
     Falou-me que no seu tempo, a escola era muito rígida, existia muita cobrança e talvez devido a isso que o mesmo não gostava de estudar. Segundo ele o professor “passava e cobrava”, somente.
     Perguntei-lhe sobre como via a escola nos dia de hoje. Ele classificou como: “moderna” e falou que achava que existia um bom relacionamento entre aluno e professor.
     Como ele me falou que concluiu o ensino médio, lhe indaguei sobre a possibilidade de um curso superior. Ele me respondeu que tem muita vontade de cursar Direito. Por ter trabalhado por muitos anos como funcionário público e na área militar, tem bastante admiração pelo universo jurídico. Inclusive comentou que esse ano fará a prova ENEM (Exame nacional do ensino) justamente para tentar vaga nesse curso.
     Perguntei-lhe sobre sua proximidade com a leitura. Novamente fiquei surpreso, pois me respondeu que lia muito pouco, quase nada. Que não havia incentivo a prática literária e as aulas de Português limitavam-se a ensinar situações gráficas e vícios de linguagem (a boa e velha Gramática).
     Falou que não se recordava de ter lido nenhum livro por completo, mas tinha muita vontade de ler Maquiavel. Segundo ele, um antigo superior hierárquico orientava seus subordinados de forma magistral, tomando como base a filosofia de Maquiavel. Essa experiência fez nele surgir admiração e interesse por suas obras.
     Por fim indaguei-lhe sobre a importância da leitura (em sua opinião). Ele me falou que se antigamente o ensino guiasse o aluno para os caminhos da leitura, a população de seu tempo teria outra visão de mundo; que lendo, se aprende tudo; e quem não lê, não sabe de nada.


     Depois desse relato é possível afirmar que a experiência que o Sr. Robisval teve nos seus dias de escola, não foi muito boa. A Escola mudou muito ao longo dos anos, mais continua pecando quando o assunto é formar “leitores”.
     Hoje o Sr. Robisval se expressa muito bem e não perdeu o interesse por aprender – acredito que devido a sua proximidade e gosto pelas áreas burocráticas -. Porém, os rígidos sistemas de ensino da sua época colocaram uma enorme barreira entre ele e o universo literário.










Entrevista:

Qual a idade do Sr.?
53.

Nome completo?
Robisval Gomes Ferreira.

O Sr. Estudou até que série?
Ensino médio completo.

O senhor gostava de estudar?
Não.

Não?
Não.

Qual a matéria que o Sr. mais gostava?
Várias matérias, Geografia, História, Ciências. E no meu tempo, Moral e Civismo.

Moral e Civismo era o quê?
Era falando sobre a política brasileira.

O senhor gostava dessa matéria?
Adorava.

A matéria que o Sr. menos gostava?
Física, Matemática e Química.

Por causa dos números?
Exatamente.

O Sr. fez algum curso superior?
Não.

Tem vontade de fazer?
Sim.

Qual o curso?
Direito.

Direito? Por quê?
É uma área que eu sempre me relacionei muito bem. Eu na época que era funcionário público do estado, fiz várias situações onde era necessário estudar Direito, Direito penal e Direito civil. Me identifiquei bastante com essa matéria e em cima disso, ainda existe em mim um desejo de fazer Direito criminalístico.

Como era a escola na sua época?
Era muito rígida. No tempo a escola era muito rígida e talvez hoje, eu vou falar pra você, que eu não gostava de estudar em virtude da rigidez da época, porque na época existia muita cobrança, como hoje não existe.

Os professores de sua época de escola lhe davam a opção poder formular e expor suas opiniões? Ou o Sr. achava que a escola mandava simplesmente decorar e reproduzir?
Não, não tinha essa flexibilização (flexibilidade) não. Naquele tempo ele passava e cobrava.

Como o Sr. vê a escola hoje em dia?
É uma escola mais moderna né? Aonde existe um bom relacionamento entre aluno e professor.

Mas o Sr. acha que essa modernidade... Essa “moleza”. É melhor para a formação do ser humano? O indivíduo como homem? O Sr. não acha que a rigidez de antigamente ajudou? Ou não?
É, isso aí é uma via de mão dupla. A rigidez naquele tempo era porque o professor forçava o aluno a aprender e hoje em dia, os professores deixam o aluno aprender espontaneamente.

O aluno da sua época? O Sr. como aluno? Tinha respeito pelo professor ou tinha medo? Ou os dois?
Não, eles não tinham medo. Era puro respeito. Naquele tempo era respeito ao mestrado (mestre) mesmo.

Educação? Vem de casa? Ou é papel do professor educar?
Toda vida eu pensei e penso, que a educação, no inicio é de casa.

As boas maneiras?
Com certeza.

Em relação à leitura... O Sr. Gosta de ler?
Pouco.

O Sr. já leu algum livro?
Não. Eu sempre tive vontade de ler Maquiavel.

Porque não leu? O que é que lhe impede?
Paciência... Paciência.

No tempo de escola, o Sr. lembra se já leu algum livro? Por inteiro?
Não, não me recordo.

O Sr. acha que sua falta de incentivo para ler, teve relação com o ensino que teve?  Que os professores não passavam a matéria, de forma que o Sr. sentisse interesse? Ou o Sr. realmente era desinteressado? Ou era a rigidez? Faltou uma abordagem diferente do professor, que fizesse o Sr. se encantar por aquilo?
Na verdade, você esta correto nessa sua narrativa. Naquele tempo não havia uma dinâmica de fazer com que o aluno gostasse de ler. Até mesmo na matéria de português, não existia esse incentivo para que o aluno estudasse. Existia o incentivo para que o aluno viesse aprender: situação gráfica, vício de linguagem, essas coisas.

Livros literários?
Não.

Machado de Assis? Poesias?
Não, não... Nada.

O Sr. citou “Maquiavel”. O Sr. tem vontade de ler Maquiavel porquê? Ouviu alguém falar? Ouviu alguma citação e achou bonito?
Não. Isso aí é uma coisa que: num antigo trabalho eu tive um superior hierárquico, que recebia os seus subordinados, e tratava-os só com palavras; sem machucar; sem apertar. Mas em cima do que ele leu no livro de Maquiavel, ele fazia com que os seus subordinados, levassem uma lapada sem levar tapa nenhum.

O Sr. acha que é importante ler? Por quê?
Olha, vou dizer uma coisa a você. Se naquele tempo a 40, 45 anos atrás, se o ensino tivesse proporcionado ao aluno, gostar de ler. Talvez hoje a população do meu tempo tivesse outra visão de mundo. A leitura é a parte principal de qualquer atividade de um aluno. Através de ler é que você aprende tudo.

E o que o Sr. acha do indivíduo que não lê?
Não sabe de nada.




sexta-feira, 5 de maio de 2017

O Lobo da Estepe

     Você já assistiu Naruto? Se não assistiu, acredito que ao menos já ouviu falar. É um desenho japonês que tem como personagem principal um garoto, que quando ainda era um bebê, aprisionaram dentro do coitado, o espírito de um monstro horrendo que quase destruiu toda a sua aldeia, a Raposa de nove caudas. A partir daí, por diversas vezes durante a sua jornada, ele terá que: conversar, lutar e até mesmo unir forças com seu monstro interior.
     Doidera né? Esse tipo de coisa só poderia acontecer na ficção né não?

Mas...

     Você já parou pra pensar que, nós seres humanos, quando por diversas vezes passamos por situações atípicas de nosso cotidiano, chegamos a agir de maneira que nós nem mesmo nos reconhecemos? Você para, põe a mão na cabeça e se pergunta - Meus Deus, eu fiz isso? Mas eu não sou assim!
     Por diversas vezes em nossas vidas estamos propensos a tomar decisões que nem toda vez nos dão tempo de pensar, de ter a noção da proporção que essa escolha atingir. Somos inconsequentes; agimos por impulso. Por impulso? Ou seria por instinto?
          O livro que escolhi trata justamente disso... De nossos “lobos” internos.


      O  Lobo da estepe foi escrito em 1927, por Hermann Hesse (1877-1962), quando tinha 50 anos, a mesma idade do nosso protagonista Harry Haller.
     Harry é um cinquentão aposentado que passa seus dias isolado e tem muito orgulho de ser um outsider, pois o mesmo não  se encaixa na sociedade em que vive e só encontra prazeres terrenos, na leitura de bons livros ou apreciando música clássica.
     “Não sei que prazeres e alegrias levam as pessoas a trens e hotéis superlotados, aos cafés abarrotados, com sua música sufocante e vulgar”
     Devido essa sua dificuldade de encaixar-se como também socializar-se, ele define-se como o Lobo da estepe.

     “Como não haveria de ser eu um Lobo da Estepe e um mísero eremita em meio de um mundo cujo objetivo não compartilho, cuja alegria não me diz respeito!”

     “Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem ar nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível”.
  
     Lendo esse livro, foi inevitável me identificar com Harry, pois o mundo que ele descreve é muito semelhante ao nosso, um mundo que eu também tento mas não consigo entender, onde as pessoas vivem apenas de aparência. 
     Atualmente, as pessoas já não conseguem fazer suas rotinas normais, como ir à academia ou a um restaurante comer algo sem postar uma foto. Ser popular nas redes sociais é o que todo mundo quer. Só se importam com curtidas, visualizações, comentários em suas fotos e se esquecem de realmente viver cada momento, sem se preocupar com status. A sociedade está rotulada, principalmente no universo virtual as pessoas acabam não sendo o que realmente são, tudo isso para seguir a moda e fazer o que todos fazem no momento. Por influências das redes sociais e de outras pessoas, elas acabam apenas procurando ter status e ganharem popularidade, deixando seu verdadeiro “eu” de lado.
   

     Predomina em Harry a angústia e o fato de estar perdido não só no mundo, mais dentro de si mesmo. Bem (o homem) e mal (o famigerado lobo) vivem em fogo cruzado no profundo de sua alma e diferentemente do pobre Naruto (acima citado). Nosso personagem não parece ter a opção de interagir amigavelmente com seu monstro interno. Desnorteado, sabe que esse embate com seu o seu lobo está lhe levando a ruína (com esse fato ele parece já estar conformado). Esse homem que em sua vida nunca encontrara contentamento, possuía apenas duas certezas: a primeira é que em seu interior duas entidades viviam em conflito; a segunda, – que particularmente achei o ápice da obra - é que quando completar cinquenta anos cometerá suicídio. Mas até chegar a data dessa tão esperada “saída de emergência” muita coisa irá rolar.

     Essa estória, que tem uma reviravolta (Eu não vou contar onde nem quando, se quiserem saber é só lerem o livro) nos leva a um desfecho bastante inusitado. O que posso adiantar é que o Sr Harry (que já não achava possível aproveitar nada da vida e estava fadado a esperar sua morte), encontra na vida pequenos prazeres e também aprende e nos ensina grandes lições.

     Fiz escolha dessa obra, lhes sendo bem sincero, não porque algum amigo leu e gostou aí me indicou, nem tampouco porque o autor já ganhou um Nobel de literatura.
     Escolhi ler esse livro porque eu estava ouvindo um programa de rádio, aí um sei lá quem, falou que “todas as pessoas no mundo deveriam ler esse livro ao menos uma vez na vida” e que “o livro foi um divisor de águas em sua vida”. Bom (eu pensei) – Eu faço parte das pessoas do mundo... Então vou ler -.
     Não me arrependi, isso eu garanto a vocês. Eu já me deslumbrava com  a pluralidade humana, esse fato de poder dentro de nós habitarem vários “eus” (sim, somos todos bipolares, ou muito mais que isso). E foi fascinante ver nas palavras do autor, esses “eus” se manifestando e mostrando suas garras.

     Recomendo esse livro a você, que se denomina “outsider”, que se sente deslocado do ambiente em que vive. Pois é importante saber que as vezes é normal nos dividirmos em dois(ou mais), ou simplesmente deixar o lobo fala mais alto...